Eu estou meio introspectiva -
guardando palavras
como se guarda um véu antigo,
como se esconde sentimentos
numa caixa perdida
em algum armário da vida.
Entendo. Compreendo.
E digo - nós precisamos disso.
É escorrer em palavras a carne viva.
Deixar o sangue pintar as letras.
Depois?
Contemplar a obra extasiado
em murmurar inacreditável:
falta Tudo neste Nada
que consegui expressar.
É quando o Poeta,
insatisfeito com o sangrar,
volta, compulsivamente,
a escrever...