Também acredito que o poeta deve escrever com os ossos - escavar-se por dentro, com os olhos úmidos de quem fala com o papel porque já não tem para onde ir... Construir seus próprios poços e abismos, em eterna metamorfose. Como tal não vejo fardo na solidão, mas a compreendo companheira, braço dado, caminho, via de revelação. O absurdo é meu sopro, meu altar - quando minha voz beira o sagrado do inominável - esse Nada que é Tudo, essa ausência que se preenche de presença essencial. Por isso, para mim, a espiritualidade não é algo inacessível e/ou oculta, mas presença imanente - no sagrado invisível e indizível do universo. Não se vê, mas se sente. Como o amor!