Sacralização do Passado
Não sei, não sei. Também penso que as contradições do passado querem ser jogadas à frente como fossem hoje. Sim. É como se o passado conquistasse um personagem e um passaporte para o futuro ao ser revivido hoje. Já pensaste sobre isso? Alguém já pensou? Conheces quem? Me diga. Me expliquei. Eu preciso entender. Não sei se o passado tem um rosto ou um máscara. Não acredito nisso porque nós sabemos o que nos fere, o que nos dói, o que nos traz felicidade, nos dá alegria, sentimentos bons, emoções saudáveis. E também sabemos a cara da maldade, do erro... do que queremos que fique lá, escondido ou esquecido. Ou não sabemos? Penso que sim. Eu sei. E o que penso disso? Penso que temos medo de reconhecer porque seria o primeiro passo para a cura, para o esquecimento. Sacralizar o passado como ele o foi, tanto pode nos condenar como nos proteger. Então não há que se pensar em algo civilizatório ou em liberdade. É quando a gente toca numa das zonas mais profundas e delicadas da alma humana - aquela que confunde memória com identidade, dor com verdade, lembrança com liberdade. O passado, quando não é reconhecido, nos habita com rostos novos, com disfarces, com repetição. Ele ganha corpo nas escolhas que achamos que são livres, mas que talvez sejam apenas re(vivências). Para mim só há liberdade quando nos reconhecemos estar, ter estado, ter sido presos à algo.... E isso é o que há de mais difícil - reconhecer que algo nos aprisionou. É preciso humildade para isso. Então sim, penso, o reconhecimento da verdade seja algo libertador...
Maria
Enviado por Maria em 11/07/2025