Da janela do tempo profundo, bebo o silêncio
como quem bebe e escuta ausências.
E é ali, no parapeito do espelho,
que tua falta se revela - não como vazio,
mas como espinho que ainda sangra memória.
Por isso, murmuro de volta um poema,
em véus de saudade, alma em reverência...
Enquanto os olhos contemplam o reflexo no espelho,
os dedos tecem sensibilidades, em fios que ecoam -
sutis - a escuta, a doçura de uma saudade mansa e profunda.
Grito: estou aqui, mesmo que te ausentes,
sou como um sopro de luz junto ao teu lampião da vida,
vim para caminhar contigo os vestíbulos da alma.