Maria
Prosa e Poesia
Capa Textos E-books Fotos Livro de Visitas
Textos

1922

Tanto tempo,

tanto tempo desde 1922.

Tanto tempo já passou.

 

O mundo girou em seus ponteiros

como um roda-moinho,

lenta e vigorosamente...

 

Tantas águas passaram

por debaixo de nossas pontes,

tantos sóis subiram e desceram

os montes de nossas vidas,

 

tantas chuvas e cântaros de nuvens

ladearam de um lado a outro

de nossos mundos.

 

E cá estamos.

Eu aqui

e você do lado de lá

de nossa janela do tempo profundo.

 

Ainda não vejo teus olhos,

nem ouço tua voz.

Ainda não posso tocar tua pele,

nem me acolher quietinha e quente

em teus braços feitos.

 

O que acontece?

O que há que destinastes para mim?

 

Não vês que

as encruzilhadas da vida

estão surgindo

neste roda roda

de nosso tempo?

 

Há que se tomar decisões

e o que devo fazer?

 

Continuar acreditando

que há alguma luz a mais

do que aquela que brilha em fotografias

para me dizer: eu estou aqui?

 

O tempo passou...

e com ele vieram

mudanças inesperadas.

 

E agora?

Eu me pergunto.

 

Devo ficar parada,

esperando morrer

de fome e sede

ou devo mover os pés

em alguma direção perdida de mim mesma

para manter o corpo em pé?

 

E onde está você

que vivia me dizendo que sofria por amor,

que ansiava pelo olhar dela,

que morria pelo amor

que almejava ela lhe dedicar?

 

Onde está você

diante do amor

que ela lhe entrega

diária e paulatinamente?

 

... É...

 

tanto tempo,

tanto tempo desde 1922...

 

Tanto tempo já passou...

Maria
Enviado por Maria em 24/05/2025
Comentários