Então procura nas mesuras da vida
os abraços e beijos que fazem teu amanhecer
sem precisar entorpecer os sentidos
com o vinho que não apetece
ou não queres saborear,
só tomar num gole derradeiro e final.
O amor tem o mesmo efeito.
Tira os medos do corpo,
sem insensibilizar o andar,
mas, fazendo mãos trôpegas
e embriagadas destilar
paixão e belezas
sobre os teclados do dia.
O amor acende sóis,
ressuscita e faz brilhar
o arrebol de palavras.
Se há um porto no caminho,
há mapas indicando a direção.
Não há alguém que possa dizer
que se encontra desavisado
de sua existência.
E, se há um porto,
também há um cais
para a vida chegar.
Peça ao barqueiro da vida
que lhe diga onde a encontrar.
Ele, com certeza, vai te dizer
que ela foi ser semente,
sem ser morta e que, hoje,
paira bela nas duas pás da vida -
uma para abraçar e outra para beijar.
Por isso, podes ver de tua janela,
sopra um vento primaveril
neste condado de Trípoli ou Gasgorra.
E lá, a vida tem
o mesmo gosto que aqui.
Bem romana.
Por isso, não chore.
Seja forte!
Seja hoje Diablo das Ilhas
ou Senhor dos Vinhedos
que dançam alturas,
saia dessa redoma de medo
e lembranças de quem partiu
e procure sua vida nos braços dela.
Marque a hora e não se perca no tempo
e no caminho para a encontrar.
E, entre um copo e outro de amor,
faça desse encontro indescritível de luzes.