Não há eternidade de dois sem um.
Nem mesmo duas cabeças
se uma for metade.
Há que repartir e outra vez somar
para ser uma só, em duas.
Se uma vida nos leva mais longe
e outra nos traz mais junto
há chances de se encontrar
e juntar no meio do caminho.
Só esperar o tempo certo
que decerto tempo não tem,
mas existe neste espaço
de nós dois...
Também quero silêncio
em tal eternidade.
Um silêncio que me fale
eternamente.
Se sou eternidade,
quero ser passageira
de um voo que lhe aquiete.
É que hoje, meus cabelos
brandem solidão
em um vento pálido
e meus lábios pedem sol,
mesmo na eternidade
de dois costados.
Não há que negociar
entre duas vidas.
São uma só.
Se perdermos uma,
ficamos sem a outra.
E não há como ser vida
só pela metade.
Ou se vive ou não.
Eu prefiro viver,
mesmo que nunca possa
pisar meus sussurros de melaço
nas terras do burgo-mestre,
no homem de duas eternidades
e uma vida por inteiro.
Te amo nas duas
eternidades.
Também na tua metade
e no nosso inteiro.