Todos temos medo e nos assustamos
com amanheceres desconhecidos
ou com o canto de uma cotovia
que canta uma nova vida que morreu.
Se é nova, não foi ela que morreu
nem o canto que ainda pode ser ouvido.
Não há com que se preocupar
se somos roupa de passar.
O tempo passa e nos amarrota de anos
que um dia vamos perder.
Mas isso é parte da vida.
Ela não cala até nos levar.
E pode nos levar em dia de festa
ou dia de prova e teste de amor.
Que nos leve
e nos faça história sem medo,
nos faça puros e cadentes,
mesmo a brevidade das horas,
mesmo a gente não entendendo
que estamos vendo o tempo passar
e a vida, com a brisa do vento,
em suas ondas de luz nos levar.