Quantas cartas dormem
caladas nos rascunhos da vida?
Nunca alguém as recebeu...
Quantos e quantos
poemas de amor guardados,
escondidos em meio às páginas
de um livro ou numa gaveta
de um velho armário
- um miúdo cantinho do tempo -
sem nunca terem vindo à luz?
Condenados à morte,
jazem no silêncio e escuridão,
sem jamais serem lidos ou visitados...
Olho nenhum contemplará a paixão
que tece emoção em suas linhas...
Nem coração algum se alegrará
com os sentimentos contidos em seu interior...
Perder-se-ão para sempre no tempo...
como as estrelas, um dia descobertas
e depois pra sempre esquecidas...
Solitárias e sozinhas... morrem,
sem nunca terem contemplado
a imensidão do universo que as fez nascer...