Todo o Voo
Ontem eu disse das minhas aspirações mais profundas.
Nem sabia que ainda as tinha.
Estavam silenciadas dentro do peito.
Então uma chave de corações abriu o "veio de ouro" da alma.
E minhas aspirações mais profundas emergiram
pelas frestas da porta que eu mantinha fechada.
Por isso, sei que também vivo de frestas.
E foi por elas que descobri que ainda tenho sonhos e utopias.
Sim, talvez eu seja um mar profundo e céu aberto.
Com territórios de esperanças no horizonte.
Que só se deixam visualizar pelas fendas na rocha submersa,
pelas frestas que surgem entre uma nuvem e outra a vagar universos.
Ou o pássaro que almejo. Bico aberto, voo,
mergulho ou pouso rasante...
Asas salpicadas pelo sangue de meu próprio bico,
quando não sei interpretar mapas.
Ou, quem sabe eu precise, ainda, descobrir
que não sou o pássaro, mas todo o voo,
o horizonte e o meu próprio pousar...
Dona de meus caminhos. Só falta... me apropriar...
Foto: Steve Biro
Maria
Enviado por Maria em 01/12/2020