o passado vive sempre,
mesmo se através
de uma foto na moldura,
colocada sobre a estante
ou guardado em caixas
nas gavetas de nossos armários.

de vez em quando
tiramos da caixa
as velhas recordações,
chacoalhamos a poeira,
o pó, lembramos,
sorrimos e até choramos.

o passado é uma verdade
que passa como a banda
da escolinha de nossos pequenos,
e não mais volta a cruzar
a rua no desfile
de domingo de manhã.

para alguns o passado
é um momento que viveu,
que deixou na face
alguns pés-de-galinha,
uma fogueira de São João,
com direito a bombinhas
e show pirotécnico,
a loucura do rock,
ou a saudade
de um cantor sertanejo,
popular, que já morreu.

para outro é um fósforo
que acende a pólvora do tempo,
a madeira para o fogaréu.

para outros é um adeus,
um embrulho amarroado,
amarrotado, esquecido
sobre as pedras da montanha
de nossa vida.

para outros é a recordação
de um grande amor afeiçoado,
que deixa fortes
marcas na lembrança,
as quais nunca mais
serão esquecidas
e que guardamos com carinho
em molduras
de pedra ardósia
azul-afogueada,
além de plantá-las
qual frondosa figueira
dentro da vitrine
de nosso coração.

com certeza virar passado
é entrar para a história de vida,
labuta e vivências mil.

olhar o futuro,
o amanhã e adquirir
a experiência que hoje
ainda me falta...