mas agora neste momento
vai me batendo
uma leve aflição
e uma vontade de chorar
outra vez.

mas não posso me entregar.
preciso ser firme.
lutar contra isso.
não quero mais passar meus dias
chorando sozinha neste cantinho.

não posso.
mas que a vontade
de chorar bate, bate.

é teu silêncio que crava
a angústia no peito
e me faz imaginar mil  
e uma bobagem.

a preocupação num misto
de saudade e angústia
sufoca o peito
e faz as lágrimas
descerem afinal, quentes.

sei. chorar é bom.
mantém a vida saudável.
mas não quero mais
derramar lágrimas.

só que nestas horas assim,
olhando meu cantinho
tão silencioso,
sem nenhuma palavra,
nenhum amigo a visitar,
uma solidão de amargar,  
vendo o jardim vazio,
onde só restaram cinzas,
o recanto com
uma canção tão triste...

o coração por mais que lute
não consegue fechar os olhos
e mesmo acreditar
que tem um anjo a zelar
e cuidar de mim a cada passo.

também estou me segurando
para me manter calada.
e é difícil.
toda hora estou lá em casa,
olhando, caminhando nas letras
e com uma vontade enorme
de deixar um recado,
só um, que anime,
que dê forças
e possa fazer
o coração sorrir.

mas estou tentando
manter-me quieta,
em silêncio para não
conflitar mais minha vida
enuviando a luz do sol.

não sei do amanhã.
ele me parece tão distante.
não sei do futuro
e não me prendo mais nele.
vivo cada dia já sem contá-los
e sem medir o tempo.

vivo o hoje e esse
é que agora se complicou
outra vez.
mas não quero desanimar.
por isso vou parar de escrever.
se continuar agora
será uma tragédia
para o mundo das letras.