Mulher das Horas
Sou mulher das horas,
mas não vivo nelas.
Olho o calendário na parede
só pra confirmar
que meu tempo se afina
para dentro do túnel do tempo.
É o correio da vida que não envia
pacotes na hora do silêncio.
Um tempo pra brotar
ramos de esperança e vida
e outro pra colher flores de plástico
em vasos de cerâmica
sobre a lápide fria e seca.
Sei que o tempo passa,
que as horas se findam,
mas não consigo mais acordar o sol –
nem com finos cantos.
Por isso sou mulher das horas –
nelas me inclino e me acho:
cada dia mais perto
dos pés de barro da terra
de que são feitas minhas raízes...
Maria
Enviado por Maria em 17/03/2015
Alterado em 17/03/2015